Mostrar mensagens com a etiqueta a ana. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta a ana. Mostrar todas as mensagens

domingo, março 08, 2009

porque ela é linda

"há mulheres feitas de vento e trapos que inventam as
funções obliquas da luz sobre o ventre primário das palavras.

morrem do avesso com a ternura a aflorar à boca em cada silaba invisível,
sempre que a imaginação caduca e não há previsão para o acaso ou o amor.
deve ser assim que principia a palavra medo:
quando que os dias desaguam no choro, exaustas de correr
com o coração há frente dos próprios passos.
as mulheres esquecidas à margem do poema,
carregam por dentro dos olhos o céu inteiro e é sempre rente
há promessa da palavra mar que encontram todos os consolos,
mas dessas coisas apenas os olhos falam."


ana

sábado, maio 31, 2008

.
.
.
.
.
Quando fazes isto devolves-me a impressão de estar, de repente, num espaço sem luz, cheio de coisas, atulhado de coisas
.......tropeçando nos próprios sapatos, agora gigantes
.......onde me abafa a escuridão.
Não vejo mas sei que existe tudo o que lá está, ampliado, disforme, a avançar, a tolher-me
.......e as mãos a estranharem de repente a distância das coisas que os braços pretendiam mais perto.
E tudo se inverte e está de novo por cima, a esmagar-me, a introduzir-me e a atravessar-me. E suspendo
.......e o espaço comigo dilata, mostra o buraco, o negro denso das coisas de antes que perscruto no vazio e coligo na minha cegueira.

domingo, março 09, 2008

integral.....só para não me esquecer.....(de ti)

[ultimamente encontro-te perdido de ternura por mim e só me apetece esganar-te. a ti, e às tuas palavras superfulas, furiosas para matizar as minhas habituais incongruências na adoração dos deuses menores. não quero que me contornes o pescoço com consensos ardilosos, nem que me limpes os cantos da boca com tolerâncias pardas. não quero que cauterizes sob o riso e não esperes que o faça. eu sei que não esperas, mas gosto sempre de te avisar e tu gostas que eu te avise. gostamos de fingir que não somos assim. obrigas-me a tecer malhas apertadas e filigranas para adornar-me os dias, um por um, como evidências brutas do interior dos meus olhos. vais lamber-me a pele e inventar interstícios de fogo, para diluir o segredo dos encontros singulares que escondes de mim. voltas com as mãos carregadas de maresia, mas consigo cheirar a tua vergonha, mesmo à distância. fazes sempre por chegar tarde à minha vida; e quando não vens, que horas são?dizes que o que interessa são as tangerinas e os beijos entre beijos. sinto que vamos ficar aqui, anos a fio, sonhos a fio... num movimento imperceptível dentro do casulo rendilhado de murmúrios, a vestir a melíflua armadilha dos animais furtivos. soubesse eu viver dentro de uma saudade que não me devore. tivesse eu lábios para edificar o desconsolo da tua morte. estás prestes a partir e antes que me deixes, vou eu embora. não me adores como se estivesse morta, ama-me de repente.]

......da Ana da Tarte que eu gosto